quarta-feira, 22 de abril de 2015

"Uma vez, gostei de uma pessoa, mas ela não gostou de volta. Escrevia sobre o amor, que só sabia viver na teoria. Percebeu o meu entusiasmo e deixou claro que eu só podia estar louca. Gostei sozinha.
Outra vez, me apaixonei por alguém cheio de diplomas, idiomas fluentes, com passaportes carimbados e compromissos constantes. Olhei e pensei que talvez não fosse só o perfume, ou o jeito que ele me dava bom-dia. Ele nunca notou meu sentimento e eu, morrendo de vergonha que ele soubesse, me afastei. Fiquei sozinha.
Depois, troquei olhares despretensiosos com quem me via além da conta. Eu achei o máximo aquela sintonia toda. Mas era tudo um simples passatempo. Percebi que já era hora de ir embora. Caminhei sozinha.
Certo dia, ouvi Photograph, do Nickelback tocar na programação musical do meu trabalho. Disquei um número às pressas e corri com o celular nas mãos, até a caixa de som mais próxima, dizendo: - Amor, escuta! Nossa música! Só ouvi uma respiração entediada do outro da linha, pedindo para eu parar com aquela babaquice toda. E eu parei. Cantei sozinha.
Às vezes, para aprender a amar, você precisa ficar em silêncio e entender o que esse sentimento te causa. Se te faz falta ou te sobra. Quem é sozinho sabe o valor que ele tem, porque aprendeu desde cedo a arte de mudar e se adaptar.
A vida me ensinou que o amor precisa chegar, mas, que antes disso, precisamos ir embora de nós mesmos muitas vezes.
Para adentrar um coração, use as portas. Se elas estão fechadas, não force as janelas."
Aryane Silva

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