
MANIA DE VOCÊ
Nada pior do que ser viciado em alguma coisa.
Nada pior do que ser viciado em alguma coisa.
Fumantes, alcóolatras, workaholics, drogados, todos são Ph.D em escravatura.
Mas o vício mais nocivo é o vício por outra pessoa, que muitos confundem com amor.
Amor de verdade liberta.
Vício é jaula.
Você já deve ter dito para uma amiga, ou escutado dela: "isso que você sente é uma doença".
Não é outra coisa.
Os sintomas são facilmente reconhecíveis.
Vocês têm um relacionamento caótico.
Brigam 24 horas.
Um é de Marte, o outro de Vênus, como diz o título de um livro.
Um dia os planetas se chocam e seu mundo desmorona.
Se fosse amor, o que viria depois do rompimento?
Revolta, lágrimas, saudade, uma recaída breve, mais lágrimas, mais saudade, até que aos poucos surgiria uma certa paz, a auto-estima voltaria e o amor se tranformaria em lembrança.
Com o coração às moscas, você sairia em busca de um novo romance e começaria tudo outra vez. Não é um processo rápido, mas é mais ou menos assim.
Vício, não.
Se você é viciado em alguém, vai só até a metade do caminho: revolta, lágrimas, saudade e recaída.
E pára por aí.
Insiste na recaída.
A ansiedade faz você cometer loucuras para ter o seu amor de volta, e quando consegue cinco minutos com ele, atira-se com volúpia: fuma, cheira, bebe o cara até a última gota.
Depois?
Uma inebriante sensação de cura.
Não, você não precisa mais dele.
Pode muito bem passar sem ele.
Você nem o acha tão atraente assim, e volta para casa sentindo-se um Hércules de saias: conseguiu vencer a si própria..
Passam-se então duas semanas e você liga para a companhia telefônica para saber se sua linha está com defeito.
O telefone simplesmente não toca!
Seu carro também já não obedece suas ordens: dirige-se sozinho para a rua onde mora o querido, só para ver se a moto dele está em frente à garagem.
Está.
Então ele não voltou para Vênus, continua na cidade.
Você começa a suar frio.
Sente vertigens.
Mastiga o lápis do escritório, derrama café nos colegas, treme ao segurar um copo.
Diagnóstico: crise de abstinência.
Você o procura.
Precisa urgente de uma injeção de carinho na veia.
O final dessa história?
Não existe.
Ele precisa dela também, caso contrário nem abriria a porta.
Reivindica-se a criação urgente de um AA: Apaixonados Anônimos.
Assim como tem gente que, para vencer o alcoolismo, evita dar o primeiro gole, algumas pessoas precisam aprender a evitar o primeiro beijo para não reincidir num amor que faz mal à saúde.
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