segunda-feira, 30 de junho de 2008

O Amor Antigo...


O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede.
Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.
Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor,
porém,
nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mais pobre de esperança.
Mais triste?
Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.

Carlos Drummond de Andrade

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