terça-feira, 21 de outubro de 2008

Mania De Você...


MANIA DE VOCÊ
Nada pior do que ser viciado em alguma coisa.
Fumantes, alcóolatras, workaholics, drogados, todos são Ph.D em escravatura.
Mas o vício mais nocivo é o vício por outra pessoa, que muitos confundem com amor.
Amor de verdade liberta.
Vício é jaula.
Você já deve ter dito para uma amiga, ou escutado dela: "isso que você sente é uma doença".
Não é outra coisa.
Os sintomas são facilmente reconhecíveis.
Vocês têm um relacionamento caótico.
Brigam 24 horas.
Um é de Marte, o outro de Vênus, como diz o título de um livro.
Um dia os planetas se chocam e seu mundo desmorona.
Se fosse amor, o que viria depois do rompimento?
Revolta, lágrimas, saudade, uma recaída breve, mais lágrimas, mais saudade, até que aos poucos surgiria uma certa paz, a auto-estima voltaria e o amor se tranformaria em lembrança.
Com o coração às moscas, você sairia em busca de um novo romance e começaria tudo outra vez. Não é um processo rápido, mas é mais ou menos assim.
Vício, não.
Se você é viciado em alguém, vai só até a metade do caminho: revolta, lágrimas, saudade e recaída.
E pára por aí.
Insiste na recaída.
A ansiedade faz você cometer loucuras para ter o seu amor de volta, e quando consegue cinco minutos com ele, atira-se com volúpia: fuma, cheira, bebe o cara até a última gota.
Depois?
Uma inebriante sensação de cura.
Não, você não precisa mais dele.
Pode muito bem passar sem ele.
Você nem o acha tão atraente assim, e volta para casa sentindo-se um Hércules de saias: conseguiu vencer a si própria..
Passam-se então duas semanas e você liga para a companhia telefônica para saber se sua linha está com defeito.
O telefone simplesmente não toca!
Seu carro também já não obedece suas ordens: dirige-se sozinho para a rua onde mora o querido, só para ver se a moto dele está em frente à garagem.
Está.
Então ele não voltou para Vênus, continua na cidade.
Você começa a suar frio.
Sente vertigens.
Mastiga o lápis do escritório, derrama café nos colegas, treme ao segurar um copo.
Diagnóstico: crise de abstinência.
Você o procura.
Precisa urgente de uma injeção de carinho na veia.
O final dessa história?
Não existe.
Ele precisa dela também, caso contrário nem abriria a porta.
Reivindica-se a criação urgente de um AA: Apaixonados Anônimos.
Assim como tem gente que, para vencer o alcoolismo, evita dar o primeiro gole, algumas pessoas precisam aprender a evitar o primeiro beijo para não reincidir num amor que faz mal à saúde.

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