Dez verdades eternas que aprendi com “O Pequeno Príncipe”
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Por Nara Rúbia Ribeiro
Quando menina, eu não tinha muitos livros. Na
verdade, até os seis anos de idade não tinha nenhum. Foi aí que alguém
presenteou a nossa família um exemplar de: O Pequeno Príncipe.
Assim se deu a minha estreia no mundo sem
precedentes da literatura, e do principezinho… Passava horas olhando as letras
e namorando as aquarelas do Saint-Exupéry. Minha mãe leu a história para mim e
para o meu irmão por diversas vezes. Até que um dia ela emprestou o livro e
nunca mais o vimos.
Então, não foi por acaso que, logo que comecei a
trabalhar tratei de comprar outro exemplar. Ainda era adolescente quando
sublinhei as frases que mais me marcaram e foram inúmeras as anotações no
rodapé e nas laterais.
Eu cresci. Envelheci. Mas como tenho alma de
poeta, ouso asseverar que a única sabedoria verdadeira é aquela com as cores da
infância. O elevado só pode ser visto no simples, no puro, na singeleza daquele
que olha o mundo com olhos desprovidos de blindagens e arestas.
Nesse exercício de regressar infâncias, eis as
verdades que aprendi:
1 – “Os baobás, antes de crescer, são
pequenos.”
Nunca deixar para amanhã a minha faxina interior.
Nunca deixar para amanhã a minha faxina interior.
2 – “É preciso que eu suporte duas ou
três larvas se quiser conhecer as borboletas.”
Preciso ter paciência com as minhas próprias limitações até as minhas asas ficarem prontas.
Preciso ter paciência com as minhas próprias limitações até as minhas asas ficarem prontas.
3 – “É preciso exigir de cada um o que
cada um pode dar – replicou o rei. A autoridade baseia-se na razão.”
É desumano exigir do outro a entrega de algo que não lhe pertence. Não posso administrar a posse do outro, muito menos poderia administrar as suas lacunas. Assim, que eu cuide, então, das minha carências!
É desumano exigir do outro a entrega de algo que não lhe pertence. Não posso administrar a posse do outro, muito menos poderia administrar as suas lacunas. Assim, que eu cuide, então, das minha carências!
4 – “Tu julgarás a ti mesmo –
respondeu-lhe o rei. – É o mais difícil. É bem mais difícil julgar a si mesmo
que julgar os outros. Se consegues fazer um bom julgamento de ti, és um
verdadeiro sábio.”
Pensar na vida alheia, nas qualidades alheias é uma distração medíocre. Mais vale o autoconhecimento do que ter decorado a biografia de centenas de outros.
Pensar na vida alheia, nas qualidades alheias é uma distração medíocre. Mais vale o autoconhecimento do que ter decorado a biografia de centenas de outros.
5 – “As estrelas são todas iluminadas…
Será que elas brilham para que cada um possa um dia encontrar a sua?”
O universo colabora, dando-nos a luz de indizíveis estrelas. Resta-nos treinar a própria visão para que as saibamos enxergar.
O universo colabora, dando-nos a luz de indizíveis estrelas. Resta-nos treinar a própria visão para que as saibamos enxergar.
6 – “Tu não és ainda para mim senão um garoto
inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti.
E tu também não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa
igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade
um do outro. Serás, para mim, único no mundo. E eu serei para ti única no
mundo.”
As pessoas se permitem cativar por vontade. Talvez inconscientemente, mas por vontade própria. Quando existe um laço assim, de encantamento construído, nenhum silêncio e nenhuma distância lhe pode vencer.
As pessoas se permitem cativar por vontade. Talvez inconscientemente, mas por vontade própria. Quando existe um laço assim, de encantamento construído, nenhum silêncio e nenhuma distância lhe pode vencer.
7 – “A gente só conhece bem as coisas
que cativou – disse a raposa. – Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa
alguma.”
O homem, na pressa cotidiana, habituou-se à superfície das coisas, dos relacionamentos. Habituou-se à superfície de si. Por isso estamos tão distantes da verdadeira saúde mental. É essa pressa que faz adoecer os homens.
O homem, na pressa cotidiana, habituou-se à superfície das coisas, dos relacionamentos. Habituou-se à superfície de si. Por isso estamos tão distantes da verdadeira saúde mental. É essa pressa que faz adoecer os homens.
8 – “O essencial é invisível aos olhos.”
Tudo o que vemos é provisório, parcial.
Distorcida é a realidade que nos cerca. Aquilo que de fato é ressoa no
abstrato, tem vigas invisíveis na alma e não cabe na palma de nenhuma mão.
9 – “Foi o tempo que perdeste com tua
rosa que a fez tão importante.”
A importância do outro não reside no outro. Reside em nossa aptidão interior de dispensar a ele o melhor de nós mesmos. É o nosso coração que faz com que o outro se torne tão especial.
A importância do outro não reside no outro. Reside em nossa aptidão interior de dispensar a ele o melhor de nós mesmos. É o nosso coração que faz com que o outro se torne tão especial.
10 – “Tu te tornas eternamente
responsável por aquilo que cativas.”
Talvez a frase mais famosa do livro. É uma assertiva que dispensa explicação. Toda e qualquer fala seria inútil. Se quiseres compreender, exercita-te. Cativa! E cativa-te primeiro a ti. Só assim dimensionarás a responsabilidade de tudo aquilo que é eterno.
Talvez a frase mais famosa do livro. É uma assertiva que dispensa explicação. Toda e qualquer fala seria inútil. Se quiseres compreender, exercita-te. Cativa! E cativa-te primeiro a ti. Só assim dimensionarás a responsabilidade de tudo aquilo que é eterno.